quinta-feira, 30 de junho de 2011

Como Aconteceu (Parte 2)

Esses fins-de-semana eram intensos, no pequeno apartamento as refeições sucediam-se entre brincadeiras, uma ou outra pausa para terminar uma tarefa inadiável e o inevitável filme que o video com dificuldade tentava levar até ao fim tantas eram as interrupções provocadas pelas idas à casa de banho, pipocas,  satisfação de sedes etc.
Estas e outras recordações são sempre uma boa razão para libertar uma lágrima que a lembrança de bons momentos justifica e ficarão agarradas aquelas memórias que o tempo não apagará.
Mas por esses bons tempos, de quinzena em quinzena, um problema começava a tornar-se evidente - o espaço - ou a falta dele. As necessidades das crianças iam-se diferenciando à medida que os interesses se distanciavam e as exigências escolares exigiam.
Quando o problema do espaço ameaçava dividir-nos obrigando uns a inventarem programas fora de casa para permitir que os outros se pudessem concentrar no cumprimento das obrigações escolares, resolvemos procurar um local que simultaneamente nos proporcionasse espaço físico e nos permitisse fugir do ruído daquele local perto de tudo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Como Aconteceu (Parte 1)

Como Aconteceu (Parte 1)

Casámos em Dezembro de 2001 e mantivémo-nos num apartamento de Algés que todos consideravam bem localizado. Perto disto, perto daquilo, diziam. Achávamos então que habitar ali era, na altura, uma opção razoável. Quando os fins-de-semana se aproximavam e era altura de reunir a familia ao estilo "os teus, os meus e os nossos" tudo se complicava... a atrapalhação causada pela necessidade de bem receber as crianças que periodicamente iriam conviver com a recém-formada familia, apaziguando as emoções dos que recebiam, a enervação trazida pela dificuldade de atravessar a cidade misturada com a longa espera pelo jantar que parecia não chegar, a curiosidade das crianças em descobrir os cantos à casa tornavam, semana sim semana não, as sextas-feiras dias de enorme ansiedade e alegria.
Cansados de tantas emoções chegava a hora de descansar e como as idades das crianças não obrigavam a separações podiam todos ficar no mesmo quarto, deixando na sala o que as forças já não permitiam arrumar. Mochilas, livros, brinquedos, um ou outro sapato, ali jaziam até ao dia seguinte quando as forças, já recompostas, lhes encontrariam destino mais apropriado.